quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

5°lugar no Prêmio 2015



5-Flavio Machado.
Data de nascimento: 04 de fevereiro de 1959.
Cidade que representa: Cabo Frio-RJ.
Crônica: Crônica em estado crônico ou Uma carta ao Carteiro.
Pseudônimo: Dersu Uzala.
Pontuação: 256.


Crônica em estado crônico ou Uma carta ao Carteiro
            O assunto surgiu quando visitando um “mega store”, descobri um livro de Glauber Rocha em promoção, que reúne, presumo, toda a sua correspondência, são cartas recebidas e enviadas para cineastas, críticos e amigos.
O fato de ser um livro de Glauber em promoção animou, eu tenho alguns livros do cineasta, o melhor, ou que mais me interessava, emprestei e desapareceu, e não lembro para quem. O preço era de final de feira, R$ 9,90, tinha uma pilha, levando - me a acreditar que tenha encalhado.
                        Com base no livro pergunto: Qual será o futuro da correspondência literária? As cartas trocadas entre escritores, ainda resistem? Será que alguém manda correspondência nas vias normais? Com a rapidez do correio eletrônico (para não usar a palavra e-mail), temo que se dilua, o computador transforma as correspondências, em algo informal e efêmero. Haverá alguma forma de publicar essas correspondências? 
                        Vários livros foram publicados com a transcrição de correspondência trocada entre escritores, não apenas no Brasil, como em outros países. E agora com esse mundo virtual, será possível que daqui a alguns anos serão publicados livros com a correspondência desta época? Poderão surgir outras formas de mídia? O livro será digital, um cd –rom, com toda as “cartas” trocadas pelos contemporâneos escritores.
            E os carteiros o que será da profissão ? Quase não os vemos mais pelos bairros,uniformizados, bolsa a tira colo, distribuindo as correspondências, conhecendo as pessoas pelo nome e endereço. Serão meros entregadores de boletos bancários?  Em segundo plano, e deixarão para sempre a função de portadores das boas e más notícias, da correspondência entre literatos, como seria o carteiro que entregava a correspondência de Manuel Bandeira ? Ou o que entregava a correspondência de Mario de Andrade? Ou mesmo de Glauber Rocha? 
            Recebi uma carta recentemente, manuscrita com letras grandes, desenhadas, de Jacione Freitas, que é um poeta (alguns diriam poetisa), mora em Mãe do Rio no Pará. Escreveu – me para agradecer e ao mesmo tempo presentear - me com dois exemplares do livro que publicou. Havia muitos anos, desde a década de 80, que não recebia carta de algum escritor.
            Nestes tempos virtuais, qual será o destino dos e-mails (acabo por me render)? Serão deletados? Armazenados em alguma pasta eletrônica de back up ? Não sei a resposta, e provavelmente não haverá mais livros com cartas entre escritores, talvez outra forma eletrônica.          
            Um sintoma de como está sendo tratado o assunto, ou do pouco interesse, por este tipo de literatura, é o fato do livro de Glauber Rocha, ter encalhado, ser vendido por preço promocional. Pelo que observei do livro, trata-se de relato de uma época, além de valor literário, tem o histórico, mostrando o pensamento de algumas gerações de cineastas brasileiros e estrangeiros.
Espanta, portanto ter encalhado, será apenas desinteresse das pessoas? Prefiro supor, no entanto, que o livro foi mal divulgado, não tendo o destaque que merecia. Afinal resgata o pensamento de um dos mais geniais diretores de cinema do mundo.


Pseudônimo: Dersu Uzala.

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